Todas as músicas lembram você
Talvez escrever pudesse aliviar o
que Alice sentia.
Ela precisava falar, gritar, por
pra fora tudo que havia sendo acumulado durante o ano que terminaria em alguns
dias. Se o mundo não acabasse, Alice pensava.
Em seu íntimo guardava o desejo
contínuo, interminável e atemporal que era traduzido em uma única coisa, a
paixão devastadora que sentia por Thiago. Pura física, mãos suando, pernas
tremendo, coração disparado, respiração acelerada, olhos brilhando e arrepios
generalizados.
Coisa importuna, que acordava Alice
no meio da noite criando sonhos reais, que desligava sua mente para que ela não
prestasse atenção em mais nada, que a dominava, que tirava de perto dela todas
as pessoas que podiam lhe fazer bem, que fazia Alice não querer ouvir mais
nada, alem do som pesado dos solos de guitarra, que martelava a presença de Thiago
a cada esquina, a cada lugar, a cada gesto e a cada movimento do corpo dela.
Alice tinha vontade de deitar no
chão e como uma criança chorar até trazer Thiago de volta.
Porque a falta que ela sentia
dele era maior que o universo.
Ela precisava falar.
Mas ele nunca saberia. Ele nunca
saberá.
Como Leoni já dizia, não Alice,
não escreve aquela carta.